CAMPANHA SALARIAL
Bancos não apresentaram proposta de índice
Valores só serão anunciados quando Fenaban trouxer proposta global. Continuação do calendário será estabelecida na rodada de negociação que continua nesta quinta-feira
São Paulo – O Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban) voltaram à mesa de negociação para debater as reivindicações de remuneração da Campanha Nacional Unificada 2014. Nenhum número foi apresentado pelos negociadores das instituições financeiras. Valores, de acordo com a Fenaban, só serão anunciados quando trouxerem para a mesa uma proposta global.
A rodada continua na quinta-feira 11 com o debate sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e a definição do calendário para as próximas reuniões. Ainda estão pendentes questões sobre saúde, segurança e igualdade de oportunidades.
Reajuste – Os representantes dos bancários deixaram claro para os bancos que essa reivindicação é fundamental para a categoria.
A Fenaban informou que este ponto será debatido com os bancos na tentativa de buscar caminho sem conflito, mas reclamou de haver aumento real todo ano. “Só não haverá conflito se as reivindicações forem atendidas”, salienta a presidenta do Sindicato. “Se repetirem a postura dos anos anteriores, vão levar os bancários ao embate.”
14º salário – A Fenaban informou achar muito estranha a reivindicação do 14º salário e que isso não vai prosperar. Para os bancários, no entanto, essa demanda é muito importante: 69% dos trabalhadores que responderam a consulta feita pelo Sindicato consideram a conquista do 14º salário uma prioridade. Mas para os bancos, a categoria tem “salários e benefícios bem significativos”. Juvandia rebate: “significativos são os lucros dos bancos, o que tiram da sociedade, a pressão que os bancários sofrem. Vamos insistir em garantir essa nova conquista”.
Salário de ingresso – O Comando cobrou o aumento do piso do 1º comissionado, mas os bancos negam e querem debater a mudança de jornada desses bancários para oito horas, o que para os trabalhadores é inaceitável.
Isonomia – O Comando cobrou respeito dos bancos à Convenção 100 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que determina a igualdade de remuneração entre a mão-de-obra masculina e a feminina em trabalho de valor igual.
Para a Fenaban, se está na lei não há razão para colocar na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Afirmam, ainda, que as instituições financeiras já cumprem, e negam que mulheres, por exemplo, tenham salário menor. Confrontados com dados que mostram o oposto, os negociadores da Fenaban alegam que isso acontece porque as trabalhadoras têm menos tempo de casa. O Comando respondeu com os números da Rais (Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério do Trabalho): as mulheres têm em média seis meses menos de banco que os homens, o que não justificaria a diferença salarial.
“Há um problema claro de gestão nos bancos, que não dá igualdade de oportunidades para seus empregados. As mulheres geralmente têm mais tempo de estudo que os homens, mas enfrentam dificuldades de ascensão. Estão praticamente excluídas dos cargos de diretoria e ganham em média 24% menos. Há discriminação na hora de promover a mulher”, explica Juvandia. “Também é comum ver nos bancos pessoas na mesma função com salários diferentes ou que não recebem promoção. Por isso, queremos colocar na CCT o respeito à norma da OIT que estabelece salário igual para trabalho de igual valor.”
Férias – Os bancários querem o parcelamento do adiantamento de férias em dez parcelas iguais e sem juros. A Fenaban ficou de levar o debate aos bancos.
VA e VR – O Comando informou aos bancos sobre a inflação maior para a alimentação fora de casa (em torno de 10,3%) e cobrou aumento para os vales alimentação e refeição. “Antes do final do mês, os bancários já estão gastando do salário para comer”, reforça a presidenta do Sindicato. A Fenaban informou que a reivindicação será debatida. Os bancos, no entanto, não querem tratar da 13ª cesta-refeição, sob alegação de que os bancários não vão comer duas vezes em função de ser final de ano.
Creche – Os bancos voltaram a dizer que o valor trata apenas de um auxílio para custear a creche ou a babá, mas ficaram de levar a reivindicação da categoria de pagamento de R$ 724 mensais (salário mínimo nacional). A Fenaban informou, ainda, que quer alterar a redação desta cláusula na CCT, colocando prazo de 30 dias para entrega do comprovante dos gastos com auxílio-creche/babá.
Auxílio-educação – Não há consenso entre os bancos sobre os critérios ou os valores para pagamento de auxílio-educação para todos os bancários. O Comando cobrou que o debate seja feito, lembrando que todas as grandes instituições – exceto o Bradesco – já pagam e o custo é pequeno.
Vale-cultura – Importante conquista da Campanha Nacional Unificada 2013, os bancários reivindicam a extensão do pagamento do vale-cultura para todos. A posição dos bancos é de manter somente o que está previsto pela lei: o pagamento de R$ 50 para quem ganha até cinco salários mínimos. O Comando cobrou que esse debate seja retomado.
fonte: FEEB/SP